18 de dezembro de 2019

Não deixar jamais que a jovem que existe em mim se vá embora



Há tempos passados, uma pessoa jovem insatisfeita com uma resposta minha às suas irreverências, chamou-me de velha e denominou-me Vovó Eva, com aquele tom de zombaria e de desrespeito que bem caracterizam certos jovens criados sem limites e sem as noções básicas de boa educação. Não fiquei chocada nem indignada, porque se há uma coisa com a qual eu convivo muito bem é com a minha idade e com as mudanças no meu físico, operadas pela passagem do tempo.
Não nego a idade, não perdi a vaidade, amo a vida e não saberia viver como vive a maioria das pessoas da minha faixa etária. *Ontem, calhou de chegar-me uma mensagem pps que me trazia um texto, de autor desconhecido, com o qual me identifiquei profundamente, como se fosse eu mesma quem o tivesse escrito, falando de mim mesma. 
Como sei que algumas pessoas frequentadora desse o blog estão se aproximando da terceira idade, ou têm suas mãe já idosas, resolvi postá-lo para que reflitamos sobre o que é mesmo isto que chamam de velhice, o que é ser uma velha, como se sentem as pessoas que se aproximam da idade avançada, se é possível não envelhecer interiormente, avançando nos anos com a energia, a disposição para viver em plenitude, fruindo os prazeres e as alegrias que a vida proporciona. 
Vejamos o texto: “Um dia desses uma jovem me perguntou como eu me sentia sobre ser velha. Levei um susto, porque eu não me vejo como uma velha. Ao notar minha reação, a garota ficou embaraçada, mas eu expliquei que era uma pergunta interessante, que pensaria a respeito e depois voltaria a falar com ela. Pensei e concluí: a velhice é um presente. 
Eu sou agora, provavelmente, pela primeira vez na vida, a pessoa que sempre quis ser. Oh, não meu corpo! Fico incrédula muitas vezes ao me examinar, ver as rugas, a flacidez da pele, os pneus rodeando o meu abdome, através das grossas lentes dos meus óculos, o traseiro rotundo e os seios já caídos. E constantemente examino essa pessoa velha que vive em meu espelho (e que se parece demais com minha mãe), mas não sofro muito com isso. 
Não trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, e o carinho de minha família por menos cabelo branco, uma barriga mais lisa ou um bumbum mais durinho. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais condescendente comigo mesma, menos crítica das minhas atitudes. Tornei-me amiga de mim mesma. Não fico me censurando se quero comer um bolinho-de-chuva a mais, ou se tenho preguiça de arrumar minha cama, ou se compro um anãozinho de cimento que não necessito, mas que ficou tão lindo no meu jardim. 
Conquistei o direito de matar minhas vontades, de ser bagunceira, de ser extravagante. Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento. Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar paciência no computador até às 4 da manhã e depois só acordar ao meio-dia? Dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos das décadas de 50, 60, 70 e se, de repente, chorar lembrando de alguma paixão daquela época, posso chorar mesmo! Andarei pela praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulharei nas ondas e darei pulinhos se quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros. 
Eles, também, se conseguirem, envelhecerão. Sei que ando esquecendo muita coisa, o que é bom para se poder perdoar. Mas, pensando bem, há muitos fatos na vida que merecem ser esquecidos. E das coisas importantes, eu me recordo freqüentemente. Certo, ao longo dos anos meu coração sofreu muito. Como não sofrer se você perde um grande amor, ou quando uma criança sofre, ou quando um animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão a força, a compreensão e nos ensinam a compaixão. 
Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser forte, apesar de imperfeito. *Sou abençoada por ter vivido o suficiente para ver meu cabelo embranquecer e ainda querer tingi-los ao meu bel prazer, e por ter os risos da juventude e da maturidade gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes que seus cabelos pudessem ficar prateados. 
Conforme envelhecemos, fica mais fácil sermos positivos e ligarmos menos para o que os outros pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de estar errada e não ter que dar explicações. 
Assim, respondendo à pergunta daquela jovem graciosa, posso afirmar: “Eu gosto de ser velha”. Libertei-me!
Gosto da pessoa que me tornei. Não vou viver para sempre, mas enquanto estiver por aqui, não desperdiçarei meu tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupando com o que virá. E comerei sobremesa todos os dias e repetirei, se assim me aprouver… 
E penso que nunca me sentirei só. Sou receptiva e carinhosa, e se amizades antigas teimam em partir antes de mim, outras novas, assim como você, vêm a mim buscar o que terei sempre para dar enquanto viver: experiência e muito amor.
Pode ser que para muitas pessoas a velhice seja sinônima de decadência física e mental, seja a fase da anulação do indivíduo, seja o marco para a desistência de fazer parte integrante e atuante na dinâmica da vida, seja sinônimo de inutilidade ou que represente a interdição do sonho e dos desejos, a abdicação da dignidade e da auto estima de quem mesmo estando vivo, torna-se o espectro de si mesmo.
Para mim, a velhice é exatamente como a encara a jovem velhinha do texto: uma festa, uma celebração da vida e um ato de agradecimento a Deus por ter conseguido chegar até onde já cheguei, tão bem e tão saudável, varando as décadas, sem deixar jamais que a jovem que em mim existe se vá embora.


6 de setembro de 2019

Deixem-me envelhecer feliz.


Deixem-me envelhecer sem compromissos e cobranças,
Sem a obrigação de parecer jovem e ser bonita para alguém,
Quero ao meu lado quem me entenda e me ame como eu sou,
Um amor para dividirmos tropeços desta nossa última jornada,
Quero envelhecer com dignidade, com sabedoria e esperança,
Amar minha vida, agradecer pelos dias que ainda me restam,
Eu não quero perder meu tempo precioso com aventuras,
Paixões perniciosas que nada acrescentam e nada valem.
Deixem-me envelhecer com sanidade e discernimento,
Com a certeza que cumpri meus deveres e minha missão,
Quero aproveitar essa paz merecida para descansar e refletir,
Ter amigos para compartilharmos experiências, conhecimentos,
Quero envelhecer sem temer as rugas e meus cabelos brancos,
Sem frustrações, terminar a etapa final desta minha existência,
Não quero me deixar levar por aparências e vaidades bobas,
Nem me envolver com relações que vão me fazer infeliz.
Deixem-me envelhecer, aceitar a velhice com suas mazelas,
Ter a certeza que minha luta não foi em vão: teve um sentido,
Quero envelhecer sem temer a morte e ter medo da despedida,
Acreditar que a velhice é o retorno de uma viagem, não é o fim,
Não quero ser um exemplo, quero dar um sentido ao meu viver,
Ter serenidade, um sono tranquilo e andar de cabeça erguida,
Fazer somente o que eu gosto, com a sensação de liberdade,
Quero saber envelhecer, ser uma velha consciente e feliz.

...Concita Weber



25 de agosto de 2019

Um dia seremos apenas um retrato na parede!


Crônica para o fim de semana -

Aproveite a sua vida! Um dia seremos apenas um retrato na estante de alguém, depois, nem isso... (Igor Brito Leão).
Você conheceu seus bisavós?
Alguns não conheceram seus pais, outros não conviveram com seus avós. Mas poucos se relacionaram com os seus bisavós.
Fixo-me nesse ponto da linha dos nossos ascendentes, os pais dos nossos pais, apenas como uma referência, para poder seguir com minha abstração.
No momento, tenhamos nós mesmos como ponto de partida desta divagação: você tem um filho. Ama-o em sua plenitude. Adiante, este filho lhe traz um neto. Talvez o amor por este neto seja multiplicado, já que netos chegam em um momento de nossas vidas em que estamos carentes, saudosos do nosso passado. Mais adiante, esse neto tem um filho. Agora, somos bisavós. O amor é gigante, mas talvez não tão intenso, pois provavelmente estaremos passando por dificuldades, lutando por nossa frágil saúde, próximos ao fim de nossa existência, e, quiçá, com as faculdades mentais hígidas. Essa debilidade física nos impedirá de termos um amor equivalente ao que tivemos por nossos netos, por uma questão natural de auto sobrevivência. Nesse débil momento de nossa saúde, aliado à pouca idade do nosso bisneto, que não terá a maturidade necessária para entender a importância de quem somos para eles, fará com que cheguemos a uma primeira conclusão: o ápice do nosso momento afetivo existencial é quando nos tornamos avós.
O segundo ponto a ser considerado: se perguntarmos quem foram os nossos tataravós, a coisa complica. Muito poucos saberão sequer os seus nomes. E, acredite, sem a existência deles, nós nem teríamos existido. 
Então, vem a segunda conclusão: não obstante o fato de nossos ancestrais mais distantes terem sido imprescindíveis à nossa existência, nós nem sabemos de quem se trata. 
Sabermos que em um dia qualquer não estaremos mais aqui, dá-nos uma lição de humildade significativa. Tudo que é tangível, que viermos a amealhar aqui, aqui será deixado. O intangível, nossas lições de vida, nossos ensinamentos, o amor que tivermos doado, esses se perpetuarão no coração daqueles que tocamos. 
A nossa existência afetiva sobrevive a poucas gerações. Não dura sequer um século. E, convenhamos, o que significa um século em um mundo de milhões de anos? Nada! 

Então amigos. Aproveitem cada dia das suas existências! 
Regozijem-se da dádiva do viver! Não sabemos o que virá após a nossa passagem. Talvez sejamos eternos em nossa essência. Mas o período no qual existiremos, as pessoas com as quais conviveremos, os nossos amores, as nossas alegrias serão únicas para aquele intervalo de tempo. 

AUTOR: 


25 de março de 2019

Viva intensamente amando a vida !



VIDA!
"Nunca pare antes do fim
A última palavra
A última nota
O último gesto
O último abraço
O último sorriso
A última canção
Podem ser o começo de tudo...
Quem somos nós
Para parar o tempo no seu decurso...
Também não podemos parar o vento...
Defina aonde quer chegar
E siga em frente. Vá até o fim
Não abandone a luta
Deixe a última lágrima molhar o seu rosto
Mas não desista.
Respire firme e profundamente...
Siga com coragem
Se não puser o último tijolo, ele fará falta
A construção não estará terminada
O último minuto ou segundo são 
importantes para a vida.
A última centelha de luz também é importante
O último momento pode ser agora
Deixe que ele seja
Agora pode ser o começo de tudo
A vida está por um triz, viva-a intensamente
Não permita que ela se vá... não desperdice o tempo
Viva intensamente amando a vida 
e tudo o que ela traz!"

Autora: Verônica Firmino


12 de janeiro de 2019

Xô, urucubaca!



Você comprou um vestido lindo para estrear no fim de semana e aquela sua amiga do trabalho adorou o modelito. Para a sua surpresa, no dia do evento, um pouco antes de sair de casa, você esbarra no portão e rasga a peça exclusiva que iria arrasar na noitada. Azar? Que nada, você foi vítima de mau-olhado!

Urucubaca, ziquizira, olho gordo, ou simplesmente inveja. Este sentimento assola a vida de qualquer mortal. Inveja do corte do cabelo, do namorado rico e bonitão, da promoção no emprego ou do carro novo. Seja qual for o motivo, toda mulher já foi cobiçada e sabe que a danada é capaz de acabar com o humor do dia.

Presente desde os primórdios da humanidade, como na história de Caim e Abel, a inveja é um dos mais perigosos dos sete pecados capitais. A faixa etária de um invejoso em potencial está entre os 16 e os 35 anos, já que é durante essa fase que a pessoa molda a sua personalidade, deixando de lado a inocência infantil. O sentimento é desenvolvido até os sete anos de idade, moldando a personalidade da pessoa e se solidifica no caráter até o fim da vida. Fatores como o temperamento, convívio social e até genética podem interferir na manifestação da cobiça.

A cobiça pode ser consciente, quando a pessoa sabe que é invejosa e pratica atos premeditados, arquitetando planos com o objetivo de prejudicar o outro. A inconsciente ocorre quando as atitudes tomadas não são planejadas, sendo o objeto de desejo o alvo de uma admiração exagerada, fazendo que alguém queira para si o que é de mérito alheio.
É impossível separar a inveja da falsidade. Por isso é preciso prestar atenção no comportamento dos colegas que integram o seu círculo social. Para não ser enganada por um invejoso, vale a pena ficar de olho nas atitudes e nos rastros deixados por ele. Geralmente, pessoas invejosas não fixam contato visual muito tempo e desviam o olhar para baixo, ou para os lados. Outra técnica é reparar se o amigo se aproximou depois que você comprou algo, como um carro, por exemplo. Também é interessante observar uma pessoa quando você compartilha momentos de vitória com ela. Discreto, o invejoso acompanha o elogio com um sorriso de quem não gostou, ou com um comentário que duvida da sua capacidade nesse novo patamar.
Como o falso amigo é um inimigo secreto, é sempre importante prestar atenção a alguns comportamentos:

• É preguiçoso e vai querer lhe afastar das atividades relacionadas ao trabalho, estudo ou aprimoramento profissional.
• Tem um comportamento obsessivo-compulsivo e deseja controlar a sua vida, querendo saber onde e com quem você pratica suas atividades, além de procurar acompanhá-lo sempre que possível. Não confunda estes sinais com a prestimosidade sincera de um amigo.
• É agressivo e desconta suas frustrações nas pessoas.
• É fofoqueiro e mentiroso. Já que não se sente capaz de conseguir o sucesso alcançado pelo outro, ele tenta difamar a imagem da vítima de sua inveja.
• É desconfiado. Ele tem uma desestrutura de ego tão grande que sempre vai achar que o que você conta é mentira ou que está querendo levar vantagem às custas dele.
• Tem complexo de inferioridade e auto-estima baixa. Precisa de elogios constantes para se sentir tão capaz quanto os outros.

Todas as artimanhas são válidas para se defender da urucubaca alheia. Além de deixar um pote com sal grosso em cima da mesa do escritório, quanto menos você mostrar a sua felicidade, menos ziquizira vai atrair para a sua vida pessoal. Pare de anunciar aos quatro ventos que comprou um carro novo, que o seu namorado é o máximo, ou que está planejando aquela viagem para a Europa. Quanto menos os falsos amigos souberem da sua vida, melhor para você.

Fonte: Guia da Semana