22 de outubro de 2011

Bendita e libertadora velhice!










Eu nunca trocaria meus amigos surpreendentes, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelo branco ou uma barriga mais lisa. Enquanto fui envelhecendo, tornei-me mais amável para mim, e menos crítica de mim mesmo. Eu me tornei meu próprio amigo .. Eu não me censuro por comer biscoito extra, ou por não fazer a minha cama, ou para a compra de algo bobo que eu não precisava, como uma escultura de cimento, mas que parece tão “avant garde” no meu pátio. Eu tenho direito de ser desarrumada, de ser extravagante.


Vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de compreenderem a grande liberdade que vem com o envelhecimento.


Quem vai me censurar se resolvo ficar lendo ou jogar no computador até às quatro horas e dormir até meio-dia? Eu dançarei ao som daqueles sucessos maravilhosos dos anos 60 e 70, e se eu, ao mesmo tempo, tiver desejo de chorar por um amor perdido ... Eu vou.


Vou andar na praia em um maiô excessivamente esticado sobre um corpo decadente, e mergulhar nas ondas com abandono, se eu quiser, apesar dos olhares penalizados dos outros no jet set.


Eles, também, vão envelhecer.


Eu sei que eu sou às vezes esquecida. Mas há algumas coisas na vida que devem ser esquecidas. Eu me recordo das coisas importantes.


Claro, ao longo dos anos meu coração foi quebrado. Como não pode quebrar seu coração quando você perde um ente querido, ou quando uma criança sofre, ou mesmo quando algum amado animal de estimação é atropelado por um carro? Mas corações partidos são os que nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito.


Eu sou tão abençoada por ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos, e ter os risos da juventude gravados para sempre em sulcos profundos em meu rosto.


Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos virarem prata.


Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. Você se preocupa menos com o que os outros pensam. Eu não me questiono mais.


Eu ganhei o direito de estar errada.


Assim, para responder sua pergunta, eu gosto de ser velha. Ela me libertou. Eu gosto da pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estou aqui, eu não vou perder tempo lamentando o que poderia ter sido, ou me preocupar com o que será. E eu vou comer sobremesa todos os dias (se me apetecer).


Que nossa amizade nunca se separe porque é direto do coração!





Autor desconhecido








3 de outubro de 2011

Expectativas






Expectativas são esperanças que colocamos em outras pessoas ou outras coisas e que podem guiar nossa maneira de viver.






As pessoas mais sensíveis estão mais sujeitas ao sofrimento, porque vivem da esperança, mesmo se íntima, que os outros vão reagir como elas esperam. E elas esperam quase sempre. Amam, doam-se verdadeira e inteiramente e quando o retorno não vem, sentem-se feridas, pequenas, magoadas e até mesmo mal-amadas.




Não aprendemos ainda a "receber" o outro tal qual ele se oferece. Todas as outras pessoas que nos cercam não são pedaços de nós espalhados, mas sim seres independentes, com personalidade diferente, maneira de amar e se entregar que pode não condizer com o que nós somos.




Mas amar diferente não é amar menos, é só amar diferente. Amar sem esperar retorno é amar incondicionalmente. Difícil, difícil!... Cobramos sempre, dos nossos pais, da família, dos amigos, daqueles que fazem parte do nosso dia-a-dia. Mesmo se essa cobrança é implícita, ela existe. E somos conscientes, senão isso não causaria sofrimento.




É verdade que é cansativo dar-se a cada instante e se contentar disso sem esperas. Geralmente quem dá, dá o que gostaria de receber. Quem visita, convida, telefona, diz coisas agradáveis... vive em constante expectativa de receber o mesmo. É como dar um presente e ficar esperando pra ver se o outro gostou. No fundo queremos que gostem, que digam algo agradável, que fiquem felizes para que nos sintamos recompensados pelo ato.





Amar, porque é natural é sublime e divino. Amar sem desprendimento, simplesmente porque o outro traz ternura ao nosso coração é algo que precisamos exercitar. Se lavamos nossa alma das expectativas do sentimento dos outros, aprenderemos a amar desinteressadamente. Aprenderemos a ser felizes não por que os outros nos correspondem, mas simplesmente pelo fato de existirem e trazerem ao nosso coração esses raios de luz que nos iluminam e tornam nossa vida mais encantada.


© Letícia Thompson




"Eu gostaria de lhe agradecer pelas inúmeras vezes que você me enxergou melhor do que eu sou. Pela sua capacidade de me olhar devagar, já que nessa vida muita gente já me olhou depressa demais.”






Pe. Fábio de Melo