19 de junho de 2015

Abri as asas e provoquei a vida e voei.


O tempo parou enquanto, perdida, procurava agarrar o chão que fugia. 
O vento, indiferente, continuava a pintar vida nas folhas que rodopiavam e caíam. 
Abri as asas, provoquei a vida e voei. 
Perdi-me de admiração em admiração ao olhar nos olhos das pessoas. 
Neles, há tantos sortilégios, encantos e desencantos. Há tanta vida por contar. 
Enquanto, confusa, sentia que não conseguia agarrar o momento, lembrei-me que o meu coração precisava de bater e, aí, confessei que o amava. 
Ele ouviu-me e, readquiriu o entusiasmo perdido. 
Tinha criado raízes desmotivadoras mas o vento, nas minhas asas, voltou a deixar-me em harmonia. E eu abri-as à vida. Imperfeita, na sua perfeição.

(Maria Elvira Bento)