Há a consciência colectiva de que os tempos atuais (em todo o mundo), não são, não estão fáceis. A violência grassa, a pobreza moral, física e mental, é galopante. O medo inibe, asfixia, apavora. Os atentados mais vis são direcionados contra indefesos, tornando-se hediondos os que visam crianças, idosos, tornando-os em verdadeiros desprotegidos da sorte.
As vítimas são por atacado e sem culpa, apenas adensam o monte de carne dilacerada atirada para o molhe dos desditos a quem não perguntaram idade, religião, nacionalidade ou sexo, apenas tiveram a desdita de estar na hora errada, no local errado. Não lhes deram sequer a oportunidade de erguer a bandeira branca da paz como esperança desesperada de proteger a vida que estava a segundos de lhes ser tirada.
Os conflitos bélicos, camuflando negócios de alto gabarito abrem, segundo a segundo, os tentáculos do monstruoso polvo que cego, agarra presas, países e futuros. As mentiras, os enganos, os acordos, a corrupção aumenta, adensa a teia de seda, por vezes invisível, que aperta e mata.
A droga miseravelmente sustenta impérios e destrói vidas mal começadas a viver. Entranha-se nas veias, no sangue. Cega o coração, a alma, confunde o espírito, esmaga a esperança, sonhos e pinta de negro os amanhãs sem alvoradas. Pobres deserdados da sorte que aos cantos da vida se tornam mendigos da sua própria desdita.
A panorâmica é terrível, parece terrível e sem resolução. Paremos um pouco para pensar… -eu deixei de escrever, olhei o tecto da sala, inspirei lenta e profundamente e esperei…É bom esperar-se sempre. É bom sentir que aconteça o que acontecer, seja qual for a situação que enfrentemos, se deve lutar contra o medo, o desânimo.
Não podemos sentirmo-nos limitados. Nunca devemos deixar de ouvir o nosso coração, porque ele bate mesmo nos momentos em que o desespero nos amordaça.
Outro problema ameaçador é o alcoolismo. Dizem as estatísticas que a aumentar galopantemente e revelando que o sexo feminino está a tomar a posição cimeira. É gravíssimo, mas é uma realidade. Para quem na solidão da sua vida se degladia com este problema, tomo a liberdade de recordar palavras (sábias) que devem ser lembradas, divulgadas, como sementes prontas a germinar no tempo e no coração onde caírem. Não feche o seu coração. Uma mente pode ser enganada. Um coração, não!“Só por Hoje”, foi um folheto distribuído há anos pelos Alcoólicos Anónimos e dele retirei algumas passagens.
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”Só por hoje, procurarei viver o dia que passa, sem procurar resolver todos os problemas da minha vida. Só por hoje, procurarei fortalecer a minha inteligência e aprenderei algo de útil. Só por hoje, livrar-me-ei da pressa e da indecisão. Só por hoje, agirei delicadamente, não propagarei o que de bom possa fazer. Por hoje, não criticarei, nem darei ordens, a não ser a mim própria. Só por hoje dedicarei meia hora ao silêncio e ao repouso. Meditarei na vida e nos projetos. Só por hoje, não hei-de ter medo de apreciar a beleza e de acreditar que aquilo que eu der ao mundo, o mundo me devolverá”.
São palavras que podem agir como flecha atirada ao alvo: acertar nos mais indecisos e ajudá-los a trilhar o caminho da esperança. Não é um trilho fácil é mesmo, inúmeras vezes, desconfortante, até desesperante mas, percorrido com verdade, com querer, os resultados são muitas vezes a concretização dos desejos. Não esqueça, Só Por Hoje.
A verdade é que não há tempestades permanentes e, apesar dos vendavais, nunca deveremos deixar de nos agarrar ao leme do barco das nossas vidas. E quando os ventos se cruzam em fúria e ecoam pelas veredas das serras ou caem nos mares crispados; quando os céus ficam pesados e negros e as nuvens carregadas de energia se tornam ameaçadoras e o ribombar dos trovões faz estremecer; quando pelos ares revoltos passam folhas, ramos, árvores, casas, é tempo de erguermos cabeça, acalmar o coração e lembrar que lá em cima sereno, perante a fúria bravia da Natureza, o Sol continua no seu lugar, esperando o passar da tempestade para voltar a brilhar.
Assim somos nós, há desesperos de toda a espécie que nos derrubam mas se quisermos realmente, podemos levantar-nos. Só Por Hoje, dê a si próprio essa oportunidade.
Autora: Maria Elvira Bento
Fonte: www.brumasdesintra.wordpresse.com
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