21 de março de 2013

O herói da minha imaginação...








Por ti, mexia nas estrelas e juntava-as para que o brilho te envolvesse, e no desejo de te olhar fixava o azul dos teus olhos e sentia asas nos meus pés. Não venhas na minha direcção, devagar, silencioso, como se transportasses, em segredo, toda a ternura do mundo. Não mexas os lábios sedosos, mas não fiques no silêncio de mil palavras que me provoca e desafia no encontro de vertigens. Não dês mais passos nem me olhes profundamente. Afasta as mãos do meu caos e do meu sonho.

Deixa-me testemunhar o ritmo dos teus passos, em câmera lenta, como se rompesses de um mundo desconhecido e te tornasses no herói da minha inspiração. Não coloques os braços nos meus ombros como se fôssemos dançar ao ritmo lento numa harmonia que arrepia. Não digas nada. Olha-me só como se o mundo parasse. Eu deito-me nesse olhar, nesse rosto, nessa mensagem e pergunto ao som cúmplice da melodia de violino que ecoa ao fim da tarde, se estás aí. Receio que esse olhar seja uma miragem. Ah! Não pode mesmo existir um olhar assim. 


 


Utora: Maria Elvira Bento. Fonte: Blog Brumas de Sintra




Eu sou um poema inacabado, que ninguém nunca leu
(Clarice Lispector)



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