Não precisamos nos esforçar muito para compreender o quão difícil é lidar com o sentimento de culpa. Causa dor, aponta a existência de “feridas emocionais” que continuam dando sinais de que ali existem registros de situações mal resolvidas e também pelas armadilhas que este sentimento evoca.
Culpa ou vergonha?
São maneiras de nos redimirmos diante de alguém ou situação, em que certamente não foi possível agir de forma melhor. Um meio de fazer autocrítica de nossas atitudes, que nem sempre podem estar bem-direcionadas. Podemos entender como sendo uma maneira de restaurar algum “tipo de falha” e resgatar alguma sensibilidade perdida por meio da consciência, fazendo-nos conscientizar acerca da nossa conduta e, com isso, um modo de falhar menos com as pessoas e poder ser uma melhor pessoa.
A consequência dos seus atos
A culpa lhe coloca em contato com a repercussão das suas ações. E poderá requisitar-lhe, fazendo algumas ponderações.
O desastre que a envolve é que, ao assumirmos algum tipo de dano que tenhamos cometido em uma situação específica, buscamos um meio de indenizar aqueles em que sentimos “estar em débito”, seja em razão das suas atitudes ou por estar sendo cobrada (o) de algum modo.
A importância da culpa como forma de recuperar o valor e significado das consequências decorrentes de nossas ações é vital para o aperfeiçoamento de qualquer pessoa, mulher, homem... Enfim, se ela puder fazer recuperar um senso estético e crítico, acaba por pretender em si mesmo o perdão, o arrependimento e o próprio pedido de desculpas. Pois suas ações são resultados de suas constatações, em que a culpa pede por si só a reparação. E esse é seu traço positivo.
Os acionadores de culpa
A manipulação deste sentimento existe e muitos se arvoram desse estratagema a fim de serem poupados de consequências que teriam que enfrentar. De forma curiosa aquele que desencadeia no outro o sentimento de culpa, acaba buscando meios de fazer com que este se sinta culpado por pretender algo diferente, contrário ao seu interesse. E pede uma espécie de “compensação” para que sua liberdade esteja atrelada ao querer daquele que se coloca como vítima. Trata-se de um jogo perigoso que funciona para aqueles que visam obter “ganhos” em razão de sua própria falta de conquista, capacidade para o aperfeiçoamento e aprimoramento, que todos nós somos requisitados a fazer e que no caso destes, não é adotado.
Pessoas mais fracas são as que mobilizam a culpa em outras, pois precisam justificar a sua condição. Para que não se sintam esmagadas pela força de outros, posicionam-se como “coitadinhos” para que assim não haja um tratamento de igual para igual e sim o desnivelamento habitual de quem busca através dos recursos pessoais do outro a sua própria sustentação.
Falamos aqui daqueles que se comportam como “parasitas”, que não são exatamente quem eles são, por eles mesmos, e sim pela qualidade do depositário que encontram na pessoa escolhida para acionarem a culpa. Sendo esta a armadilha: mantendo-os atados e prisioneiros numa estrutura de relação de uso. Por isso cuide-se, podem estar usando você!
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A crueldade dos manipuladores da culpa
Aqueles que se ocupam de se realizar através dos outros, o mundo parece-lhe ser cruel. De certo modo há nestas pessoas uma espécie de incompreensão com o fato da vida ao seu redor não ser como ele exatamente quer. É como que entender que o mundo a sua volta não poderá medir esforços para agradá-la(o) simplesmente porque se trata da sua pessoa. Daí a função da culpa, um modo de manipular os sentimentos alheios, para que as pessoas lhe sirvam. Tal recurso faz uso das pessoas na condição de “escravos”. Tornando- o submisso, que necessita realizar e dar conta das demandas pessoais daquele que lhe aciona para tal fim. É preciso deixar claro que tais débitos são ficcionais e inimagináveis. Pois na visão de um manipulador e acionador de culpa, tudo dependerá do quanto você é ou foi capaz de frustrá-lo. Destituem-se de seus desafios e destinam a outros a capacidade de realizá-los em razão de pouco acreditarem em suas possibilidades. E para isso ganhar expressão usam você na condição de torná-lo servil aos seus propósitos. A frustração nunca será deste que te aciona a culpa. Deste modo, você é que estará vivendo por ela.
Sendo humano até mesmo para sentir culpa
É humano errar e igualmente reconhecer esta condição na medida em que se percebe algo que não foi possível antes. O grande aprendizado está em verificarmos que somos responsáveis pelas consequências do que quer que estejamos envolvidos e comprometidos.
Certamente que ninguém se sente culpado se não houver alguma espécie de ligação e expectativa com relação a algo, a alguém ou a um fato. Do mesmo modo quando estamos diante de uma situação em que falhamos, poderemos nos sentir “faltantes” com relação a esse episódio. E assim ocorre, faz parte da condição de não sermos absolutos.
A culpa por vezes é ilusória, pois na qualidade de pessoas, somos falíveis. Portanto não haveria pelo que Ser culpado. Certamente que a negligência é um recurso em que fica caracterizado “falhar” quando alguém necessita de você. Não sendo este o caso, sentir culpa com relação a algo está mais associado ao âmbito da própria relação do que propriamente do indivíduo em si, na sua particularidade.
Autora: Luiza Cristina de Azevedo Ricotta, psicóloga e profª universitária. Trabalha com Desenvolvimento Pessoal e Profissional. Autora de vários livros sobre autoconhecimento.
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