A História e as pesquisas antropológicas têm
mostrado que a homossexualidade é um fenô-meno quase que universal.
Homens e mulheres afirmam, categoricamente, sua heterossexualidade. Não é difícil em sessões de psicanálise, não nas primeiras, é claro, a pessoa relatar ao profissional que teve um sonho erótico com um parceiro do mesmo sexo, e apesar do medo e indignação, o momento vivido na fantasia foi intenso, prazeroso e desfrutado até o final ou com um orgasmo durante o sono ou com o despertar e a masturbação.
Em rodinhas de amigas, muitas mulheres admitem algum tipo de fantasia com pessoas do mesmo sexo. Timidamente, revelam que gostam de assistir a filmes eróticos onde tem duas mulheres transando. "Será que por isso sou lésbica"?
Normalmente, não se vê uma mulher admitir que sentisse atração sobre a beleza física de outra mulher, assim como acontece com os homens, no entanto, algumas declaram sentir algo de "estranho" quando vêem a boca, ou o decote ou os gestos sensuais de alguma mulher, principalmente se ela for poderosa. Fazendo uma analogia simples: Poderosa = forte = homem.
Mas o que afinal desencadeia num indivíduo o interesse por um "sexo anormal", o que erroneamente e preconceituosamente se ouve dizer por aí? Não entendo preferência sexual como anormalidade. Primeiro porque, em minha opinião, sexo é coisa que se pratica entre quatro paredes e se está dentro deste limite, é normal para as partes envolvidas. Estamos falando aqui do ato sexual em si, entendam bem.
Bom, mas como é que isto acontece? Existe a questão do desequilíbrio hormonal, em conseqüência do mau funcionamento da hipófise e que num dado momento o individuo se vê no outro sexo. A medicina explica este fator com muita ou total propriedade: Como funciona nosso sistema endócrino e os sintomas apresentados por uma disfunção hormonal.
O que tenho visto com freqüência dentro do meu trabalho com sexualidade são tendências desencadeadas de momentos especiais vividos pelas pessoas, muitas vezes na infância, outras na adolescência e até mesmo depois de maduras.
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Na infância, devido a traumas decorrentes de alguma cena de violência sexual presenciada contra a mãe ou alguém a quem muito se amava, ou mesmo de tanto se ouvir falar das infelicidades e desajustes sexuais dentro do âmbito familiar. Às vezes, a insatisfação dos pais quanto ao nascimento de uma criança do sexo oposto ao que eles desejavam, e sendo isto anunciado de maneira leviana e irresponsável, provavelmente, levando o sujeito a sua atual condição sexual.
Na adolescência, a menina com aparência fora dos padrões daquele momento e rejeitada pelos meninos, se vê desde esta época envolvida com uma amiguinha que detecta sua carência e por já ter sua opção sexual definida a envolve com seus carinhos e carícias. O mesmo acontece com os meninos.
Na maturidade, pode acontecer com as mulheres, após desilusões amorosas, violência sexual, e incapacidade de aceitar o sexo oposto, porque passou a vida inteira ouvindo sua mãe ou outras mulheres da família falando mal dos homens.
São inúmeros os fatores que influenciam as pessoas a optarem por se relacionar sexualmente com parceiros do mesmo sexo. Os homens, porque é mais pratico, falam a mesma língua, não têm frescuras... As mulheres, porque é mais romântico, falam a mesma língua, são cheias de frescuras...
A verdade é que seja qual for a opção tem que ser respeitada pelos que estão de fora. No entanto, acredito que discrição, em qualquer situação da vida, é, no mínimo, elegante. Não vejo porque andar por aí, contando para todo mundo o que você faz entre quatro paredes com a pessoa que você ama. Quem está feliz sexualmente, transborda isto! Não precisa contar. Contar, muitas vezes, significa dizer que você nem está tão feliz assim, mas precisa parecer que está.
Não importa se considerado normal ou anormal perante a sociedade e seus convencionalismos, o sexo - e tudo o que o envolve - deve ser camuflado, mas se você é do tipo assumidíssimo, "manda ver". Passe o seu recado, mostre suas convicções, sua preferência, dê o seu show, porque quando nos conhecemos por inteiro e definimos o que queremos para nossa vida, nada consegue nos atingir nem com palavras, ofensas e muito menos com julgamentos preconceituosos.
"Os bares gays costumam estar repletos de pessoas curiosas por ver essa forma 'estranha de vida'. Ao mesmo tempo em que se expõem à atmosfera homossexual, essas pessoas manifestam horror e repugnância pela idéia de homossexualidade. Analiticamente, pode-se demonstrar que essa ansiedade deriva de um estrato de homossexualidade latente, severamente reprimida na 'pessoa normal'.
Conscientemente, ela pode se considerar a salvo do perigo de 'contágio de doença'. Mas, por outro lado, seu comportamento perante o homossexual revela o medo de que ele possa ser suscetível a essa forma de conduta sexual. Em seu inconsciente, muitos indivíduos têm duvidas quanto à integridade de sua orientação sexual", cita o Psiquiatra Alexander Lower em seu livro "Amor e Orgasmo".
Forma estranha de Vida? Contágio de doença? Pessoa normal? Neste relato, o autor se preocupa em desfazer o preconceito de pessoas que em sua visão tem na sua essência a latência da homossexualidade. Ele destaca a curiosidade e a vulnerabilidade dos seres humanos que se dizem heterossexuais, mas que se excitam com a visão do movimento homossexual em lugares onde se apresentam ou se encontram com seus parceiros. Pessoas fisicamente e mentalmente saudáveis, intelectualizadas, sensíveis e corajosas, taxadas de doentes?
Cada um vive como quer! Porém, vai aí um conselho: se você fez uma opção sexual, fora dos padrões convencionais, e ainda não tem coragem de assumir publicamente, fique na sua. Para o seu próprio bem, seja feliz, dê exemplo de alegria e equilíbrio emocional e quem puder enxergar o motivo da sua felicidade sem se sentir agredido pelas suas imposições, certamente vai te respeitar. Falar é nada perto do exemplificar. Pense a respeito!
AUTORA DO ARTIGO: Jussara Hadadd, terapeuta holística,
especializada em sexualidade.
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